Foi no supermercado, sempre lá.
Eu na fila, com minha (des)forma física dos últimos tempos, e o cliente atrás de mim também usando muito mais compasso do que régua na composição corporal.
No caixa, um homem. Embalando, outro homem. O caixa - franzino, espinhudo, tímido. O embalador – marrudinho, com bíceps à mostra e ar debochado.
Visualizaram a cena?
Pois quando comecei a colocar as minhas compras na esteira, o embalador começou a cantarolar. Depois de um pouquinho, começo a prestar atenção na letra de Roberto Carlos: “seus netos vão lhe perguntaaaaar em poucos anos... Pelas baleeeias que cruzavam os oceaaaaaanos”...
Deu um plim no juízo de que o negócio era proposital, mas vai que era mania de perseguição de gorda neurótica, então fiquei na minha.
Daí o cara terminou o trechinho e engatou outra música: “os animal tem uns bicho interessante, imaginem só como é a tromba dos elefantes”...
Bateu a ziquizira em mim e eu virei pra ele, sorrindo, e disse:
“Se você não quiser que eu chame o gerente pra reclamar de você agora, vai cantar uma musiquinha em homenagem a outro bicho, o veado”.
E o caixa e o cliente ficaram rolando de rir e fazendo corinho enquanto ele, engasgado, executou de cabeça baixa o Robocop Gay.