Hoje tomei coragem e, depois de quase vinte dias de ausência, fui nadar. Tinha passado o dia enfiada em casa e olhar a rua parecia algo novo, diferente. Saí meio atrasada, ainda achei de ajudar uma velhinha muito velhinha que pegou o ônibus errado e tava perdida em frente ao Pinel, e vim correndo pra piscina. Lá chegando, bem no portão de entrada, tinha um gato. No campus da UFRJ da Praia Vermelha tem muitos gatos, e quem me conhece sabe que eu não vejo a menor graça nesses felinos. Mas esse gato - rajado, feioso e viralata - tava parado no muro, na altura do meu rosto, e me encarou. Eu devolvi o olhar e ficamos nos mirando por quase um minuto, completamente parados. Aí eu peguei um papel amassado que tinha na mão e botei em cima do muro. O gato fez uma cara engraçada e veio cheirar o papel, depois se esfregou na minha mão. Fiquei lá alisando ele, por outro bom minuto, pensando com ternura como é bom a gente trocar carinho, mesmo com um GATO! Dei tchau pro novo amigo e entrei na área da piscina, onde a professora me olhava com uma cara meio estranha, embora sorrindo. Depois eu soube que, dos quase vinte gatos que perambulam na área, aquele é o mais arisco, o que nunca chega perto de ninguém, porque já foi maltratado e tem trauma de seres humanos.
*Postado originalmente no Sítio de Maricota, em 23 de maio de 2005
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