Minha santa mãezinha me ensinou a ser educada e tratar bem crianças, idosos e malucos; vai que é por isso que esses últimos gostam tanto de mim! Tenho vários relatos envolvendo doidinhos, nos últimos tempos. Tomem nota:
1) Novembro de 2004. Estou na frente da C&A da Tijuca, esperando um amigo que se atrasou. Chega um cara de meia-idade com ar de maluco, cabelo lambido repartido de lado, bermudão puxado até os peitos. Chega rindo com cara de idiota e me estende a mão pra apertar. Eu, com pena, aperto. Aí ele segura, encara e pergunta: “Qual seu telefone?”
2) Janeiro de 2005. Vou andando com Queops na Avenida Dezessete de Agosto, em Recife. A uns 30 metros, avisto um cara todo sujo, falando sozinho, surtado. De repente o olhar dele se ilumina: me viu. Estou do lado da rua, passo pra dentro, pra me proteger. Ele muda de direção. Volto pra rua, ele troca outra vez. Começo a ficar meio desesperada porque a cara dele é de quem tá tendo alguma idéia de jerico. Olho pra Queops com desespero mas ele não parece estar percebendo nada. No último minuto, o doidinho cria juízo, vê que Queops é um negão de 1,90m e que ele pode apanhar, se se meter comigo. Eu olho e vejo Queops rindo: tinha acompanhado a cena toda, desde o começo. “Tua energia é tão boa que até os malucos sentem”, me consola.
3) Fevereiro de 2005. Vou pro Garagem, em Recife, com uma turma de amigos, entre eles um tal de Mazela que pode até não ser muito doido, mas tava bêbado e inconveniente. O caba me chama pra dançar, e eu vou, na minha mania de achar que é falta de educação se negar uma dança. Mazela engatou uma rumba doida e ridícula e eu quase morro de vergonha, depois ficou meio que dando em cima... Foi tão terrível que o pessoal desandou a zoar da minha cara – até hoje;
4) Abril de 2005: pego o metrô com Nininho, eu sentada, ele em pé. Na fila de defronte está um velho de, pelo menos, oitenta anos, cara enrugada, calça de tergal, cabelo com gomalina. Quando me distraio e olho pra ele, tomo um susto: o homem faz “shhhhhhhhh” com a boca e mexe a língua de maneira lasciva. Fico roxa, sem saber o que fazer. Se fosse um cara novo, eu podia até tomar outro tipo de atitude, mas ser cantada por aquele avô me desconcerta. “Fica na minha frente, fica na minha frente”, imploro a Nininho, que faz que não entende – depois percebo que está acompanhando a cena toda pelo reflexo do vidro, morrendo de rir. Acaba ficando com pena e bloqueando a visão do véio tarado, que muda de alvo para uma menininha de uns 14 anos, que estava indo pra escola. A pobre não agüenta e desce na parada seguinte;
5) Mesmo mês. Como vocês leram, estávamos eu e Eva chegando em Niterói, após eu passar o dia brincando que queria pegar o ímã dela pros homens. Foi só eu descer do ônibus, que um cara que tava parado na esquina veio falar comigo: “Aí brother, como é a gente fazemos pra trocar umas idéias?” E encarnou um tempão no meu pé;
6) Ontem. Fui pro Shopping da Tijuca jogar conversa fora e comer bolinho de bacalhau. Já no metrô, o prenúncio da loucura: do nada, uma velha com ar de maluca começa a brigar com um senhor do outro lado, chamando ele de tarado, sem vergonha, “tá olhando pra mim porque?” O homem manda ela se dar ao respeito, levanta indignado e desce do vagão. Aí.... ela levanta também, com um sorriso diabólico... e desce do vagão atrás dele!!! Quando chego no shopping, sento na praça de alimentação e quando vejo, tem um cara estranho na mesa de trás, um coroa esquisito fazendo caras e bocas. Eu fiquei imediatamente fascinada com aquela figura troncha – não paquerando com ele, mas paralisada com a capacidade dele ficar olhando daquele jeito uma mulher que aparentemente tava acompanhada por outro homem.
Sei que não era pra ter olhado mais e que ele iria interpretar minha reação como um incentivo, mas quando eu via, tava olhando pro Zé Bonitinho de plantão. O pior foi agüentar a gréia do menino que tava comigo, dizendo que eu dei mole pro homem e que ele tinha ganhado um atestado de corno.
Afe! Que faço da minha vida?
*Postado originalmente no Sítio de Maricota, em 03 de maio de 2005
Um comentário:
O doidinho aqui deu muiiiitas risadas! Também me considero pára-raios de malas...
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